A suplementação atua diretamente na resposta inflamatória, melhorando a cicatrização, reforçando o sistema imunológico, diminuindo o risco de complicações pós-operatórias e podendo até diminuir as infecções e o tempo de internação.

 

O principal objetivo dos suplementos no pós-operatório é auxiliar no processo de recuperação, sendo de grande importância para o bem-estar do paciente, além de melhorar as defesas do corpo, reparar lesões e ajudar na cicatrização da cirurgia.

 

Essa estratégia contribui para o reparo tecidual e colabora minimizando o balanço energético e proteico negativo que foi causado pelo jejum pré-operatório. Também auxilia na manutenção da massa magra e da imunidade, auxiliando ao máximo para a recuperação do paciente.

 

Os suplementos hiperproteicos e com imunonutrientes (ômega 3, arginina e nucleotídeos) atuam no reforço imunológico pós-cirúrgico. Atualmente, no mercado, encontramos opções com mix de nutrientes que ajudam nesse sentido.

 

Alguns suplementos e sua ação no pós-operatório:

  • Proteína e carnitina:

Mais encontradas em carnes e em laticínios, as proteínas auxiliam nos processos de cicatrização, enquanto a carnitina ajuda na recuperação e na resistência musculares.

 

  • Ômega 3:

É encontrado na gordura dos peixes, sendo indicado para prevenir inflamações e promover a neuroproteção, colaborando também com a saúde neuromuscular e com o sistema imunológico.

 

  • Antioxidantes:

Aqui, incluímos as vitaminas A e E. Encontramos em alimentos como frango, carne vermelha, grão de soja, pistache, brócolis e espinafre. Atuam protegendo as células recém-operadas dos radicais livres.

 

  • Arginina e colágeno:

A arginina é um aminoácido e o colágeno é uma proteína. A arginina é responsável pela melhora do fluxo sanguíneo e pela distribuição dos demais nutrientes nos sistemas, já o colágeno é encarregado de reconstruir e firmar os tecidos.

 

  • Aminoácidos essenciais:

São responsáveis por obter uma resposta adequada das células imunes. Quando elas são ativadas por sinais inflamatórios, a demanda por aminoácidos essenciais aumenta automaticamente.

Também são fundamentais para a construção das proteínas. Sendo assim, são especialmente requisitados quando o paciente precisa absorver mais facilmente a suplementação, já que facilitam o processo digestivo.

Segundo Rahm , a suplementação nutricional no período pré e pós operatório pode ter um impacto significativo sobre o resultado cirúrgico, reduzindo hematomas, edema e inflamação, promovendo a cicatrização adequada da incisão, além de aumentar a imunidade e diminuir o estresse oxidativo.

 

Nutrição suplementar para pacientes com câncer: desafios e benefícios.

O câncer é considerado um dos principais problemas de saúde pública mundial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), representa um grande desafio tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. 

No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) destacam que a perda de peso e a desnutrição afetam entre 40% e 80% dos pacientes oncológicos, especialmente aqueles com câncer de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, fígado e pâncreas.

A nutrição desempenha um papel crucial no tratamento do câncer, uma vez que a desnutrição afeta a qualidade de vida dos pacientes e influencia diretamente os resultados do tratamento, podendo levar a complicações e até mesmo à morte. Nesse cenário, o acompanhamento nutricional é indispensável, por contribuir para uma melhor resposta aos medicamentos, reduzir a toxicidade, aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida.

Benefícios da nutrição durante o tratamento do câncer:  o acompanhamento nutricional adequado pode fazer toda a diferença na resposta ao tratamento oncológico, proporcionando energia, força e bem-estar aos pacientes.

  •       Sentir-se melhor

Uma alimentação adequada pode ajudar a reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos oncológicos, como náuseas e vômitos, melhorando significativamente o bem-estar dos pacientes. A nutrição adequada ajuda a manter a energia e o humor, proporcionando uma sensação geral de melhora e conforto. Além disso, uma alimentação balanceada pode combater a fadiga, frequentemente presente durante o tratamento, fazendo com que o paciente se sinta mais disposto e com uma melhor qualidade de vida.

  • Manter sua força e energia

A quimioterapia e a radioterapia podem ser extremamente desgastantes, mas a nutrição adequada ajuda a preservar e recuperar a força e a energia. Consumir uma quantidade suficiente de proteínas, carboidratos e gorduras saudáveis é essencial para a manutenção da massa muscular e o fornecimento de energia.

  • Manter seu peso e a reserva de nutrientes do seu corpo
  • Durante o tratamento do câncer, a perda de peso e a desnutrição são problemas comuns. Uma dieta rica em calorias e nutrientes pode prevenir a perda de peso, mantendo as reservas de nutrientes no corpo. A ingestão adequada de alimentos protege contra a desnutrição e ajuda a manter a massa magra corporal, crucial para a resposta imunológica e a tolerância ao tratamento.
  • Tolerar melhor os efeitos colaterais relacionados ao tratamento

A nutrição adequada pode minimizar os efeitos colaterais dos tratamentos oncológicos, como mucosite, xerostomia (boca seca) e distúrbios gastrointestinais. Alimentos específicos e suplementos podem ajudar a aliviar esses sintomas, melhorando a tolerância ao tratamento. Essa abordagem pode reduzir as interrupções no tratamento, permitindo que o paciente siga o plano terapêutico de forma mais contínua e eficaz.

  • Diminuir o risco de infecção

Pacientes com câncer são mais suscetíveis a infecções devido ao sistema imunológico comprometido. Uma dieta balanceada, rica em vitaminas e minerais, fortalece o sistema imunológico, reduzindo o risco de infecções. Nutrientes como o zinco e as vitaminas C e E desempenham papéis importantes na função imunológica, ajudando a manter o corpo mais resistente contra agentes patogênicos e promovendo uma recuperação mais rápida.

  • Se recuperar mais rapidamente

Uma boa nutrição é fundamental para a recuperação pós-tratamento. Alimentos ricos em proteínas, vitaminas e minerais auxiliam na cicatrização e na regeneração dos tecidos, acelerando o processo de recuperação. A nutrição adequada pode reduzir o tempo de internação hospitalar e melhorar a resposta do organismo às terapias, resultando em uma recuperação mais eficiente e menos complicações.

Suplementação nutricional oral (SNO): Estudos mostram que o uso de suplementos nutricionais orais pode aumentar significativamente a ingestão calórica e proteica dos pacientes oncológicos. Em revisão sistemática, intervenções com SNO resultaram em um aumento de 400 a 640 kcal/dia na ingestão alimentar, além de melhorias nos índices nutricionais, como o peso. Isso demonstra a eficácia da suplementação para evitar a perda de peso.

 

Como a suplementação ajuda na cicatrização de feridas e úlceras.

A suplementação pode ajudar na cicatrização de feridas e úlceras porque fornece nutrientes de dentro para fora que aceleram o processo de regeneração dos tecidos. 

A nutrição adequada é um dos fatores de extrema importância para o sucesso no processo de cicatrização de feridas, pois a dinâmica da regeneração tecidual exige um bom estado nutricional e consome boa parte das reservas corporais. De modo que a suplementação nutricional pode trazer melhores resultados com relação ao tempo de cicatrização.

Os suplementos cicatrizantes podem conter: 

  • Vitaminas do complexo B, que auxiliam na produção de colágeno
  • Zinco, que melhora a imunidade e está ligado ao processo de cicatrização
  • Vitamina K, que tem ação anti-inflamatória
  • Vitamina D, que é importante para a cicatrização de feridas
  • Ômega 3, que ajuda na coagulação e reduz a inflamação
  • Arginina, que ajuda na coagulação e reduz a inflamação
  • Prolina, um aminoácido que pode estimular o processo cicatricial
  • Selênio, um mineral com propriedades antioxidantes que protegem as células

 

O papel dos suplementos na melhora do estado nutricional de pacientes idosos.

O envelhecimento, apesar de ser um processo natural, submete o organismo a diversas alterações anatômicas e funcionais, com repercussões nas condições de saúde e nutrição do idoso. Muitas dessas mudanças são progressivas, ocasionando efetivas reduções na capacidade funcional, desde a sensibilidade para os gostos primários até os processos metabólicos do organismo (Amerine et al., 1965; Mitchell et al., 1978; Watkin, 1982; Wenck et al., 1983).

Associado às alterações decorrentes do envelhecimento, é frequente o uso de múltiplos medicamentos que influenciam na ingestão de alimentos, na digestão, na absorção e na utilização de diversos nutrientes, o que pode comprometer o estado de saúde e a necessidade nutricional do indivíduo idoso (Marucci, 1993; Najas et al.,1994).

1.     Fatores que afetam o consumo de nutrientes nos idosos

Os idosos apresentam condições peculiares que condicionam o seu estado nutricional. Alguns desses condicionantes são devidos às alterações fisiológicas próprias do envelhecimento, enquanto outros são influenciados pelas enfermidades presentes e por fatores relacionados com a situação socioeconômica e familiar (Nogués, 1995).

Fatores socioeconômicos

Entre os fatores mais importantes na gênese da má nutrição do ancião, encontram-se os externos, como os fatores psicossociais, tais como perda do cônjuge, depressão, isolamento social, pobreza, integração social, capacidade de deslocamento, capacidade cognitiva e outros associados à própria enfermidade.

As mudanças fisiológicas que interferem no estado nutricional são: diminuição do metabolismo basal, redistribuição da massa corporal, alterações no funcionamento digestivo, alterações na estrutura e função do estômago e intestino, pâncreas, fígado, etc.., alterações na capacidade mastigatória, alterações na composição e no fluxo salivar e na mucosa oral, alterações na percepção sensorial e diminuição da sensibilidade à sede. Todos podem interferir, diretamente, no consumo alimentar.

Diante dessas modificações é necessário garantir aos idosos a ingestão de nutrientes mínimos necessários para a manutenção do equilíbrio do seu organismo: manutenção da massa magra e força muscular, modulação intestinal, evitar a desnutrição proteico calórica.

Os suplementos alimentares podem ser importantes para melhorar o estado nutricional de idosos, pois ajudam a suprir nutrientes que podem estar em falta na dieta. A suplementação pode ser recomendada para pacientes com problemas de mastigação, deglutição ou demência. 

Os suplementos podem ajudar a: 

  • Fortalecer os ossos
  • Diminuir o risco de fraturas
  • Melhorar o sistema imunológico
  • Prevenir doenças
  • Combater o estresse oxidativo
  • Proteger as células do corpo

A importância da suplementação pode variar de acordo com as necessidades individuais do idoso. Por isso, o uso de suplementos deve ser feito com cuidado e sob orientação médica. 

Apoio nutricional em UTI: estratégias com suplementos.  

Recentemente, a Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) atualizou suas diretrizes de 2006 e 2009 sobre nutrição clínica em UTI.

Todo paciente gravemente enfermo que permanece na UTI por mais de 48 horas deve ser considerado em risco de desnutrição

Uma avaliação clínica geral deve avaliar a desnutrição na UTI, incluindo:

  • Anamnese;
  • Relato de perda de peso não intencional antes da admissão;
  • Diminuição no desempenho físico antes da admissão;
  • Exame físico;
  • Composição corporal;
  • Massa muscular;
  • Força.

Em pacientes capazes de se alimentar, a dieta oral é preferível em relação à nutrição enteral ou parenteral. Além disso, para pacientes não intubados, suplementos nutricionais orais (SNO) e regressão na textura dos alimentos devem ser considerados antes da NE ou NP.

Segundo a BRASPEN 2022 “A prescrição de SNO deve ser feita para pacientes com ingestão < que 75% das necessidades”, ou seja, aqueles pacientes que estão alimentando-se pela via oral que não estão atingindo 75% de aceitação da alimentação oferecida.

A nutrição oral é a via de alimentação em menos da metade dos pacientes durante a internação na unidade de terapia intensiva (UTI) e na maioria dos sobreviventes da UTI. Há dados crescentes indicando que ingestões insuficientes e/ou inadequadas de macronutrientes e micronutrientes são prevalentes nessas populações.

A alimentação insuficiente (ou seja, ingestões menores que perdas ou gastos) é frequente em pacientes gravemente enfermos, especialmente para aqueles que permanecem internados por longos períodos em unidade de terapia intensiva (UTI). Além disso, muitos pacientes são admitidos com um estado nutricional e metabólico alterado prévio que pode ser ainda mais agravado pela subalimentação prolongada.

Na população de cuidados intensivos, baixas ingestões nutricionais estão associadas a resultados ruins, como uma internação prolongada na UTI ou no hospital, uma maior incidência de complicações (como infecções) e, em última análise, um aumento da mortalidade. Pelo contrário, a superalimentação também pode aumentar o risco de complicações e, portanto, deve ser evitada. Alguns autores introduziram o conceito de “nutritrauma” para aumentar a conscientização sobre os efeitos nocivos do suporte nutricional inadequado.

Pacientes internados por longos períodos frequentemente apresentam distúrbios metabólicos, neuroendócrinos e nutricionais que são inicialmente desencadeados pelo insulto primário e perpetuados pela falha não resolvida e inflamação persistente. Essa situação tem sido chamada de doença crítica crônica (DCC). Esses pacientes apresentam uma alta taxa de mortalidade. Por outro lado, os sobreviventes de uma doença crítica podem ser afetados pela síndrome pós-tratamento intensivo (PICS), uma entidade clínica recentemente reconhecida, caracterizada por vários déficits no funcionamento físico, cognitivo e/ou psicológico. Um aspecto subjacente a essas duas síndromes é a perda e fraqueza muscular, pelo menos em parte devido ao alto catabolismo de proteínas musculares; disfunção mitocondrial e miopatia; sedação prolongada e falta de atividade física; e regeneração muscular prejudicada.

A literatura disponível sobre nutrição durante doenças críticas aumentou a conscientização sobre os benefícios da nutrição. Atualmente, a nutrição é considerada uma importante terapia de suporte em pacientes gravemente enfermos. Embora haja pouca evidência sobre o papel do aumento da oferta de nutrição na redução da perda muscular e na melhora da recuperação de sobreviventes gravemente enfermos, há uma justificativa fisiológica para considerar a nutrição no período pós-UTI tão importante quanto durante a internação na UTI.

1. Nutrição Oral durante e após Doença Crítica

Cerca de 40% dos pacientes gravemente enfermos conseguem se alimentar durante a internação na UTI. As trajetórias dos pacientes alimentados por via oral na UTI são heterogêneas: a dieta oral pode ser exclusiva durante toda a internação na UTI, pode ser transitada de uma nutrição parenteral ou enteral (como após a extubação traqueal) ou pode ser fornecida simultaneamente à nutrição enteral em pacientes acordados.

De acordo com os poucos estudos publicados até agora, pacientes gravemente enfermos que foram alimentados por via oral tiveram ingestões muito baixas em termos de energia e proteínas, em comparação com as necessidades e recomendações previstas, independentemente da causa subjacente. Nos diferentes estudos, as ingestões de energia variaram de 30 a 50% da necessidade diária ou prescrição. As ingestões de proteína foram ainda menores e não atingiram 40% da necessidade diária ou prescrição. No entanto, a nutrição oral ainda pode ser considerada um cuidado de conforto, em vez de um componente-chave do cuidado crítico. Quando os pacientes parecem menos gravemente doentes, a nutrição oral é monitorada menos de perto e a desnutrição relacionada à doença crítica pode ocorrer ou piorar. A consideração insuficiente é reforçada pelo fato de que não temos ideia do impacto na recuperação de uma incompatibilidade entre ingestões e necessidades.

A nutrição oral não é apenas uma questão de dose a ser ingerida. Para alimentar as células, os nutrientes precisam ser absorvidos. Foi demonstrado que pacientes gravemente doentes podem apresentar uma capacidade absortiva funcional gastrointestinal diminuída ou retardada. Isso pode limitar os efeitos benéficos da nutrição oral, apesar de fornecer quantidades adequadas.

2. Estratégias para otimizar a nutrição oral durante e após a doença crítica

Vários fatores contribuem para a desnutrição em pacientes gravemente enfermos ou sobreviventes. As barreiras ao consumo de nutrição adequada estão principalmente relacionadas a distúrbios de deglutição, apetite reduzido e acesso a alimentos ou serviços de alimentação. Além disso, a prescrição ou administração de macro e micronutrientes pode ser inadequada, quantitativa ou qualitativamente.

A disfunção da deglutição é induzida por danos ao sistema nervoso central, intubação traqueal e presença de sonda nasogástrica ou traqueostomia. A duração da ventilação mecânica parece ser um fator de risco proeminente.

A modificação da textura da dieta é um importante pilar terapêutico para a disfagia. As texturas dos alimentos (e a espessura da bebida). O tipo de textura é prescrito de acordo com os resultados da avaliação da deglutição. No entanto, essas modificações podem levar à insatisfação do paciente e à redução da ingestão. A variedade de alimentos que podem ser modificados é bastante limitada, e as refeições são então uniformes. Além disso, a troca de alimentos para texturas (semi-)líquidas diminui a densidade de nutrientes. 

Os alvos nutricionais podem ser considerados enormes pelos pacientes, em comparação com as quantidades que eles conseguem ingerir. Para atingir os alvos de macronutrientes em pacientes de UTI que recebem nutrição oral e em sobreviventes de UTI, o enriquecimento alimentar ou suplementos nutricionais orais (SNO) frequentemente precisarão ser cada vez mais considerados.

Atualmente as indústrias de Suplementos orais desenvolvem produtos que veem de encontro à essas necessidades, seja concentrando os macronutrientes em menor volumes de líquidos, seja modificando as consistências para adequar também ao paciente de UTI a Suplementação oral necessária.

 

Fadeur M, Preiser JC, Verbrugge AM, Misset B, Rousseau AF. Oral Nutrition during and after Critical Illness: SPICES for Quality of Care! Nutrients. 2020 Nov 14;12(11):3509. doi: 10.3390/nu12113509. PMID: 33202634; PMCID: PMC7696881.